fevereiro 05, 2004

Mulher

Diz-se da mulher um ser versátil. É mãe, esposa, amiga, irmã, filha, profissional, tudo ao mesmo tempo. É um ser com dons especiais, não apenas pelo fato de conceber, mas, sobretudo, pelo de descomplicar, mesmo que da forma mais complicada possível.

Desde cedo, nós, mulheres, nos deparamos com a complexidade de nossa existência. Na escola, as diferenças entre meninas e meninos e as intenções de superioridade do sexo oposto nos são impostas de forma taxativa. Muitas vezes, essas tais imposições vêm antes mesmo do período escolar, da própria família, como a continuação de uma educação tradicional, impotente sob qualquer tentativa de ruptura. E essas taxações continuam por toda a exisistência feminina, como uma cruel lembrança de que somos providas de uma certa fragilidade eterna, de contínua dependência e, conseqüentemente, de uma tal fraqueza.

Nas últimas décadas, de fato, houve um considerável avanço nesses aspectos e ainda existe um trabalho enorme na desmestificação do mito da fraqueza feminina. O cinema trabalha isso muito bem em filmes de grande escalão. O Sorriso de Monalisa, que está nas telonas atualmente, estrelado por Julia Roberts, trata da ruptura social que ocorreu na década de 50, em especial, no universo feminino. Mostra as dificuldades que a mulher encontrou para se estabelecer num sistema social ríspido e da relutância na quebra de certos valores pré-estabelecidos.

Mas não é só o cinema. O teatro também tem a sua participação neste processo. Recordo-me, por exemplo, da peça Joana Dark, a re-volta, produzida e estrelada por Christiane Torloni, que trata da força e garra da heroína que também se destacou por ser diferente da mulher convencional de sua época. E tem, ainda, o meio das artes plásticas, o meio musical e, acima de tudo, o meio literário, formado hoje por mulheres decididas, de personalidade forte e responsáveis por grandes mudanças sociais, políticas e de comportamento.

E tudo isso não acontece somente aqui no Brasil. Acontece no mundo inteiro e creio que seja muito mais que um aspecto cultural. Talvez, seja um aspecto artístico porque, independente de qualquer coisa, mulher é arte e é daí que vem a idéia de a mulher ser um ser complicado. Complicação. É isso o que os insensíveis vêem na arte - algo simplesmente complicado. Os mais atentos a vêem como beleza, como cultura e como solução para os nossos conflitos interiores. E exteriores também. Beleza, Cultura e, sem pretensões feministas, Solução. É assim que se resumem as mulheres de todos os tempos.

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