junho 29, 2006

Olhar à volta e deparar com um mundo em movimento, com as coisas e as pessoas em constantes mudanças, verificar o resgate de uma observação - o senso crítico - e transformar tudo isso num produto em favor do auto-conhecimento. Escrevo, antes de mais nada, para mim. Para me fazer entender com a esperança de ser entendida. Para libertar fantasmas, declarar sentimentos indeclaráveis, lançar teorias e, como conseqüência de tudo, fazer a diferença num mundo indiferente.

junho 26, 2006

“Que coisa mais esquizofrênica!” – Fernanda Young ao ver o jeito peculiar de Rita Lee ao assobiar no Programa "Irritando Fernanda Young".

junho 21, 2006

Proseando um pouco

Ninguém escreve para não ser lido. Pelo menos é este um dos motivos por haver tantos blogues flutuando no cyber espaço. Assim como ninguém faz parte do Orkut senão pela necessidade de se mostrar. Exceto aqueles tomados pela ânsia indescritível de saber da vida dos outros. Mas essa é uma outra história.

Refletindo sobre a existência do Proseando um dia desses, concluí que a idéia de escrever para ser lida e ser ouvida é realmente muito forte. Desde o início, eu segui postando aqui algumas teorias e pensamentos daqueles que, facilmente, poderiam ter sido deferidos num almoço qualquer, num bate papo na calçada ou numa conversa de bar. Sabe aquelas reflexões que a maioria das pessoas não está interessada e, quando gentilmente ouvem você, apenas o fazem para não parecer indelicadeza? E você vai falando, falando e o seu ouvinte tentando encontrar brechas para mudar de assunto e você prosseguindo num raciocínio freqüente, quase que praticamente impondo atenção ao seu discurso. A diferença é que eu sou uma pessoa muito persistente e, quando fico frente a frente com este canal, toda a criatividade acumulada já foi imposta para algum interlocutor não lá muito interessado. É uma pena. Mas prometo que tentarei não desperdiçar tantas argumentações desta forma daqui pra frente.

Pois bem, uma viagem interior ao gosto de escrever, o interesse prazeroso pela literatura e a necessidade de se auto-entender. É justamente por isso que o Proseando existe. Ele prossegue desde 2004 entre um post e outro, sobrevivendo a longos intervalos sem acesso, a algum comentário carinhoso e sem nenhuma comemoração específica.

Mas hoje é diferente. Tenho o orgulho de postar aqui que, graças a este blogue e, especialmente ao blogue da Clarah e do Marcelino (que, involuntariamente, me inseriram neste meio), existem olhares mais que interessados nos escritos que aqui descansam. Algumas crônicas acabaram caindo nas graças do meu ilustre professor de Língua Portuguesa e Produção Textual da Universidade do Grande ABC, Sergio Simka, coordenador do Grupo de Escritores da Uniabc, do qual faço parte (vide blogue bem aliao lado), e também autor de alguns livros.

Adianto desde já que uma crônica minha fará parte da Antologia dos Escritores da Uniabc e, de antemão, ohhhhh!, surgiu, como diria o próprio Simkão, a proposta indecente do lançamento de um livro de crônicas exclusivo. Como diria o Marcelino: eta danado!

Tudo isso aqui só pra dizer que o Proseando está em festa e vamo que vamo!

junho 19, 2006

Com sono. Mastigando fio dental. Fazendo charme. E sendo política.

junho 16, 2006

Estante de Livros

Não sei o que sou, mas tenho um leve palpite do que gostaria de ser. Agora, por exemplo, gostaria de ser uma estante cheia de livros. Possivelmente eu seria um ser bem sábio e jamais viveria sozinha ou subestimada. Ainda assim não gostaria de ser mãe, mas trataria todos os meus livros com singelos atos maternos. E eu também não viveria sem respostas. Caso as dúvidas aparecessem, eu poderia esclarecê-las em prateleiras superiores ou inferiores, todas bem próximas a mim. Tolos os que pensam que uma estante de livros é um ser inanimado. Por mais que me esquecessem num cômodo qualquer e eu ganhasse algumas partículas de poeiras de vez em quando, eu teria ao menos um visitante fiel. Em todo lugar existe um aficionado. Por mais livros que eu tivesse e fosse a base de sustentação de todos eles, não seria uma interina responsável. Eu seria apenas e explendorosamente uma estante de livros.

junho 13, 2006

O problema não é inventar. É ser inventado horas após hora e nunca ficar pronta nossa edição convincente.

(Carlos Drummond de Andrade)

junho 12, 2006

O Banheiro da Maria

Uma das coisas mais comuns desde que o mundo é mundo é a habitual troca de informações que as mulheres desempenham no banheiro. Um banheiro feminino proporciona um pouco de tudo. Desde reflexões filosóficas até firulas das mais superficiais futilidades humanas.

Mas quando você trabalha num ambiente em que a maioria das pessoas é formada por mulheres e o toallete não passa de um “dois pra quarenta coletivo”, você começa a não fazer muita questão dessa prática comunicacional. A complexidade feminina somada ao famoso jeitinho brasileiro acaba fazendo, quase que involuntariamente, com que você saia em busca de uma reflexão, digamos, mais introspectiva, na paz dos azulejos. Foi então que me dei conta de que a solução estava exatamente na porta à frente do “diário de bordo da empresa”. Um espaço com pouco luxo, com, vai lá, uns três (no máximo quatro) metros quadrados, um pitoresco chuveiro alocado exatamente em cima do vaso sanitário (???), cujo espaço entre um objeto e outro é arquitetonicamente dividido por um, sim, é verdade!, cabo de vassoura, que vai de uma extremidade e outra da parede. Mas para este eu sei a finalidade! Funciona precisamente como um varal para os panos de chão, louça e de tirar pó após suas respectivas higienizações.

Senhoras e senhores, com vocês, o Banheiro da Maria!

O ambiente ideal para dar um tempo do caos da vida pessoal ou corporativa por uns momentos, longe de interrupções, constrangimentos ou qualquer artifício que um banheiro coletivo venha a oferecer. E, mesmo que solitária, se houver a estranha necessidade de uma fofoquinha ou uma profunda reflexão, o Banheiro da Maria continua sendo a melhor solução. Entre produtos de limpezas, vassouras, rodos, estoque de papéis higiênicos e toalhas descartáveis, é possível encontrar edições recentes de Caras, Veja, Capricho, Minha Novela e, pasmem!, exemplares exímios de renomados escritores nacionais e internacionais.

Ninguém entendeu ainda porque respondo que “fui refletir” quando largo meu e-mail bombando, meu telefone esgoelando e o chefe arrepiando os cabelos e me refugio no Banheiro da Maria. Sem querer, me pego brincando com Drummond, dialogando com Clarice, ficando cega com Saramago ou conhecendo um pouco mais sobre a vida da Oprah numa revista qualquer. Muitas vezes, acabo refletindo sobre o fato de que, por alguns momentos, não importa você ganhar trezentos Reais por mês, ter cinco filhos, fazer supletivo na comunidade católica perto da sua casa e, uma vez por semana, visitar um advogado do Estado para saber como anda o processo do emprego antigo. Por alguns momentos não importa. Porque, mesmo fazendo parte do sistema, você pode sair da sua realidade em quatro metros quadrados e se deparar com um mundo real e fantasioso bem ao alcance dos seus olhos, entre páginas de revistas e livros que, provavelmente, nem mesmo o presidente da empresa aonde você limpa o banheiro e serve o café tem conhecimento.

Viva o Banheiro da Maria!

junho 09, 2006

Insight

O tempo passou e agora estou aqui, com meus entendimentos retardatários. Sem meus fones de ouvido e um roque ambiente ao fundo. Neste veículo com quase total ausência de espaço livre, você me aparece entre o relato do dia de um grupo de operárias. Talvez costureiras. Queria que suas lembranças viessem num momento mais poético. Longe da asma deste idoso. Mas você apareceu na minha mente como aparecem os bons pensamentos. As boas idéias. Iluminadas. Entre pensamentos e desejos, sorrio com minhas constatações. Com o fato de você estar bem, feliz e correndo atrás. Igual a todos nós que também corremos. Você tem um amor. Não é novo. É renovável. E eu estou incrivelmente feliz por você. Porque isso me basta. Assim como você me bastou um dia. O tempo passou.

junho 08, 2006

Ela voltou!

Ela voltou e agora alguma coisa que me prendeu por um tempão voltou junto. Ela voltou e eu posso de novo parar o meu trabalho no meio do nada e acessar o blogue dela para reaprender a dizer tudo e nada, assim, de repente. Parecia até que era um incentivo, um empurrãozinho, um combustível. E eu acho que láaaaa no fundo é isso mesmo. E agora eu vejo que estou mergulhada de novo naqueles momentos psicodélicos que costumavam fazer de mim o que eu gostaria de ser. E estou ouvindo Mutantes, o que me arranca umas gargalhadas de vez em quando, assim, do nada novamente. O que tenta me mostrar uma pontinha do que eu realmente sou, mas, como sempre, sem certeza de nada. Mas não importa, ela voltou: Adiós Lounge!