janeiro 28, 2007

O menino é homem

Tum. Tum. É preciso ser muito homem. Tum. Tum. E vai ser até o final dessa semana. Tum. Tum. Está decidido.

De pouquinho em pouquinho não dá, tem que ser de uma vez. Esta é a essência. Direto e sem meias palavras. Pra quê rodeios? Poderia ser depois, mas pode ser agora. A essência manda e assim será.

Pai de um lado. Mãe do outro. Irmãs no meio da confusão interna. O menino não é mais criança, alguém poderia justificar. E a vergonha?, talvez a maioria perguntaria. E a minha felicidade?, o menino justificaria.

Começa o discurso. O menino é valente. É muito é homem. O menino está nervoso e inquieto. O menino começa.

Todo mundo desconfiava, mas ninguém tinha o mérito da valentia do menino. O pai simula um sorriso. Pode ser de nervoso. Pode ser de orgulho. O menino desanda a falar por cerca de dez minutos, marejando os olhos do pai.

A mãe diz que o menino é seu filho e que sempre o amará. A irmã diz que o menino sempre terá seu apoio. A outra não precisa dizer nada. O pai esconde a face por entre as mãos.
O menino permanece seguro, tirando das suas costas o peso da omissão, a iminência da rejeição. Certifica-se a cada instante de que aquela era a decisão mais honrosa dos seus dezoito anos. O menino, o segundo homem da família.

O pai pergunta sobre mulheres. O menino não tem as respostas satisfatórias ao pai. O pai fala da vergonha. O menino fala do respeito à família e da sua felicidade. A mãe murmura um cômico e inesperado comentário de alívio. O pai pergunta o porquê de ser com ele. O menino prefere não se aprofundar.

O pai e o menino ficam sozinhos. O pai, chorando feito criança. O menino dizendo que ama o pai. O abraço acontece.

O menino que gosta das meninas, mas o seu conhecer a fundo não é o ditado como certo pela sociedade.

O menino que é homem por assumir que gosta de outro homem.

Tum. Tum. E o assunto está consumado.

janeiro 08, 2007

e agora? entrei aqui e poderia despejar tudo o que escrevi no papel e na minha mente inquieta desde meu último post. gostaria até de ser mais prolixa. mas este teclado minúsculo não me permite. estou de férias numa casa que não é a minha, numa cidade que não é a minha, num estado que não é o meu e num computador que não me pertence. minhas, somente as lembranças. justamente estas, às quais gostaria que não fossem. ok. o ano promete e acho que a semana também. vou nessa lavar o corpo, já que ainda não encontrei a melhor maneira de lavar a alma.

muito prazer, dois mil e sete. eu sou a juliana.