janeiro 30, 2004

Ei, você aí! Psiu! Isso, você mesmo. Não, não fuja. Vem cá, vem cá! Isso. Mais perto. Pode vir, não tenha medo. Assim, isso. Vem. Deixe eu falar uma coisa: só pra dizer que eu estou aqui. Haja o que houver, eu estou aqui. Pode ir agora. Vai com Deus. Tchau.
Ser

Inflexível, Exigente, Veemente
Esta sou eu?
Inveja
Esta é minha sombra
Persistência
Este é o meu destino

janeiro 27, 2004

A ÍNDOLE DA MULTIDÃO - BUKOWSKI
Traduzido por Clarah Averbuck

Há suficiente traição, ódio,
violência,
Absurdo no ser humano comum
Para abastecer qualquer exército a qualquer
momento.
E Os Melhores Assassinos São Aqueles
Que Pregam Contra o Assassinato.
E Os Melhores No Ódio São Aqueles
Que Pregam AMOR
E OS MELHORES NA GUERRA
-ENFIM- SÃO AQUELES QUE PREGAM
PAZ


Aqueles Que Pregam DEUS
PRECISAM de Deus
Aqueles Que Pregam Paz
Não Têm Paz.
AQUELES QUE PREGAM AMOR
NÃO TÊM AMOR
CUIDADO COM OS PREGADORES
Cuidado Com Os Conhecedores.


Cuidado
Com Aqueles
Que Estão SEMPRE
LENDO
LIVROS


Cuidado Com Aqueles Que Ou Destestam
A Pobreza Ou Orgulham-se Dela


CUIDADO Com Aqueles Rápidos Em Elogiar
Pois Eles Precisam de LOUVOR Em Retorno


CUIDADO Com Aqueles Rápidos Em Censurar:
Eles Temem O Que
Desconhecem


Cuidado Com Aqueles Que Procuram Constantemente
Multidões; Eles Não São Nada
Sozinhos


Cuidado
O Homem Vulgar
A Mulher Vulgar
CUIDADO Com O Amor Deles


Seu Amor É Vulgar, Busca
Vulgaridade
Mas Há Força Em Seu Ódio
Há Força Suficiente Em Seu
Ódio Para Matá-lo, Para Matar
Qualquer Um.


Não Esperando Solidão
Não Entendendo Solidão
Eles Tentarão Destruir
Qualquer Coisa
Que Difira
Deles Mesmos


Não Sendo Capazes
De Criar Arte
Eles Não
Entenderão A Arte


Considerarão Seu Fracasso
Como Criadores
Apenas Como Falha
Do Mundo


Não Sendo Capazes De Amar Plenamente
Eles ACREDITARÃO Que Seu Amor É
Incompleto
ENTÃO TE ODIARÃO


E Seu Ódio Será Perfeito
Como Um Diamante Brilhante
Como Uma Faca
Como Uma Montanha
COMO UM TIGRE
COMO Cicuta


Sua Mais Refinada
ARTE


THE GENIUS OF THE CROWD

There is enough treachery, hatred,
violence,
Absurdity in the average human
being
To supply any given army on any given
day.
AND The Best At Murder Are Those
Who Preach Against It.
AND The Best At Hate Are Those
Who Preach LOVE
AND THE BEST AT WAR
--FINALLY--ARE THOSE WHO
PREACH
PEACE


Those Who Preach GOD
NEED God
Those Who Preach PEACE
Do Not Have Peace.
THOSE WHO PREACH LOVE
DO NOT HAVE LOVE
BEWARE THE PREACHERS
Beware The Knowers.


Beware
Those Who
Are ALWAYS
READING
BOOKS


Beware Those Who Either Detest
Poverty Or Are Proud Of It


BEWARE Those Quick To Praise
For They Need PRAISE In Return


BEWARE Those Quick To Censure:
They Are Afraid Of What They Do
Not Know


Beware Those Who Seek Constant
Crowds; They Are Nothing
Alone


Beware
The Average Man
The Average Woman
BEWARE Their Love


Their Love Is Average, Seeks
Average
But There Is Genius In Their Hatred
There Is Enough Genius In Their
Hatred To Kill You, To Kill
Anybody.


Not Waiting Solitude
Not Understanding Solitude
They Will Attempt To Destroy
Anything
That Differs
From Their Own


Not Being Able
To Crate Art
They Will Not
Understand Art


They Will Consider Their Failure
As Creators
Only As A Failure
Of The World


Not Being Able To Love Fully
They Will BELIEVE Your Love
Incomplete
AND THEN THEY WILL HATE
YOU


And Their Hatred Will Be Perfect
Like A Shining Diamond
Like A Knife
Like A Mountain
LIKE A TIGER
LIKE Hemlock


Their Finest
ART

janeiro 26, 2004

Intenções

Da união de duas mãos, a cumplicidade
Uma, delicada feito um coração
A outra, não muito além
Nas duas, a aliança da solidão
Talvez, uma amizade.

janeiro 23, 2004

Em comemoração ao aniversário de São Paulo – Os corações de um mundo pulsando em uma cidade.

São Paulo é a cidade do sonho, da esperança, do amor, do ódio, do imprevisível – e do previsível também – tudo ao mesmo tempo. Um misto de conquistas, sentimentos e expectativas formam o sangue que circula por entre as veias da nossa cidade.

Sampa não é apenas o centro econômico do país. É, sobretudo, o centro cultural, de misturas raciais, de talentos artísticos de todas as modalidades, de pessoas de todas as tribos e idades.

Esta Paulicéia Desvairada, que empresta ao mundo diversos talentos, e os toma emprestados também, nunca esteve tão simpática, tão acolhedora, nunca se pareceu tanto com São Paulo, sinônimo de força e garra.

São Paulo é a Terra da Garoa, de gente que entra na chuva para se molhar, que faz de mim, de você e deles, pessoas fortes e combatentes.

São Paulo é São Paulo, oras, a metrópole que nos encanta, mesmo com seus numerosos prédios gigantescos, com a diversidade de carros pelas ruas e com gente de tudo quanto é tipo transbordando por seus poros. E é a cidade que sempre terá reservado um lugarzinho especial para algum aventureiro puro de coração, que quiser tornar-se paulista de coração.

Eu não poderia deixar por menos. Eis aqui o meu amor declarado a São Paulo, do coração de todos nós.

P.S.: Quando comemora-se a vida, o único sentido relevante é ressaltar o que de positivo ela nos oferece.

janeiro 22, 2004

Florescer de uma amizade - Final

Algum tempo se passou e um ventinho refrescante fazia com que os cabelos de Cacau balançassem naturalmente. Ali, ao lado de Kaíque, uma fileira de formigas empenhadas no árduo trabalho de transportar alimentos para o formigueiro, chamava a atenção do rapaz. Entre as formigas havia uma em especial, com dificuldades para carregar um enorme pedaço de folha, verdinha como a bandeira nacional. As demais formigas continuavam o trajeto, concentradas no trabalho, sem se importar com a companheira em apuros. Mas a formiguinha parecia não se importar e insistia em seu esforço, para cumprimento da tarefa. Foi quando Kaíque percebeu que estava sozinho nessa e que ninguém poderia ajudá-lo. Não poderia desistir, não naquelas alturas dos acontecimentos. Teria que ser persistente, verdadeiro e, sobretudo, sincero. Insistiu, olhando ainda mais fundo nos olhos de sua amada:

- Cacau, acho que, se eu tive coragem de perguntar, você também poderia ter de me responder. Não subestime meus sentimentos, não subestime a nossa amizade, os nossos sentimentos.

Cacau parecia séria e permaneceu pensativa por algum tempo, com os olhar fixo em Kaíque. Sentia por dentro uma palpitação, mas seu jeito exigente de ser não permitia demonstrar qualquer exaltação. Esse era o seu jeito, muitas vezes, mais racional que emocional. Sempre agia com a razão, mesmo quando não existia a menor intenção. Desviou sutilmente o olhar de Kaíque, observou as próprias mãos unidas e, com um profundo suspiro, muito mais de alívio que de aceitação, resolveu abrir o coração:

- Está bem... Sabe, eu acho que essa pergunta já está respondida. Ela sempre foi respondida durante todo o tempo que ficamos juntos, mesmo sem jamais você tê-la me feito antes.

Seu olhar continuava baixo e agora balançava a cabeça de um lado para o outro, lentamente. Parecia um ato de negação, como se não estivesse entendendo aquilo tudo. Mas, na verdade, a relação dos dois jamais havia ficado tão clara. E continuava:

- Kaíque, eu tive medo. Medo de você ter entendido tudo errado, de não ter sacado. Droga, as pessoas sempre confundem os sentimentos, não os compreendem. Olha, eu adoro estar com você, ouvir você, falar com você. Gosto da diversidade dos nossos assuntos, na confiança que conquistamos um no outro e na leveza que nossos problemas ganham, quando conversamos sobre eles.

Kaíque consentia com a cabeça, em silêncio. Os dois pareciam mais leves naquelas circunstâncias e Cacau continuava com suas racionais declarações:

- Ka, acho que você não me conhece completamente, ou, talvez, eu não me conheça muito bem. Eu gosto de você a ponto de aceitá-lo exatamente como é, a ponto de não fazer esforço para mudar o seu jeito de ser. Acho que nós, assim como a maioria das pessoas, não entendemos de sentimentos. Os sentimentos não podem ser explicados com palavras. Quer saber mais? Os sentimentos não existem para ser compreendidos, apenas e simplesmente para ser sentidos.

Naquele instante, Kaíque levou sua mão até a boca de sua amada, fazendo com que ela parasse de falar. Encarou-a como nunca fizera antes, ajeitou os seus longos cabelos e sentiram-se profundamente através de apaixonado beijo.

janeiro 21, 2004

Florescer de uma amizade - Parte I

Aquele final de tarde parecia preceder uma noite bastante agradável. Debaixo daquele céu avermelhado, anunciando a partida do astro rei e deixando bem claro que ele voltaria no dia seguinte, duas almas unidas pela cumplicidade de uma atípica amizade observavam em silêncio o mergulho de cada pedrinha naquele lago refrescante. Kaíque decide quebrar o silêncio:

- Cacau, posso perguntar uma coisa?
- Hum hum.
- Você... você gosta de mim?

Naquele instante, um pardalzinho aterrisou na margem do lago, como se fosse ouvir a maior declaração dos últimos tempos. Cacau vira-se para Kaíque com um olhar surpreso e um sorriso quase imperceptível nos lábios. Observa-o por um instante e não esconde o sobressalto:

- Por que você me pergunta isso? O verbo gostar é tão complexo - você pode gostar de algo, de alguém, de tudo, de nada. Gostar todo mundo gosta e o que importa é como se gosta. Gosta-se muito, gosta-se pouco, gosta-se com amor, apenas com carinho. É claro que eu gosto de você.

Kaíque ainda não tinha se acostumado com esse jeito tão metódico de Cacau, mas nunca intervinha. Ele a respeitava e talvez seja por isso que os dois têm se dado tão bem durante esses oito anos de amizade. Lembrara-se então que, para Cacau ceder respostas diretas, as perguntas teriam que ser diretas:

- Você gosta de mim com amor?

Suas faces estavam avermelhadas, mas em nenhum momento teve vontade de sair correndo. Permaneceu lá, segurando aquela pedrinha com os olhos fixos em Cacau, que continuava sua reflexão:

- Se o amor fosse apenas o complemento de uma grande amizade, creio que teríamos mais amor no mundo do que inveja, ódio e demais terríveis sentimentos. Eu acredito numa amizade verdadeira, mas o que é o amor? Dizem que é algo grandioso e que alcança dimensões jamais imaginadas. Acredito também que o amor seja eclético, você não acha? Existe amor de irmão, amor de mãe, de amantes e, claro, amor de amigos. É, eu gosto de você com amor.

Aquele jeito de falar de Cacau deixava Kaíque confuso, mas ele tinha consciência de que sua pergunta soara aos ouvidos de sua amiga com um súbito despreparo. Não poderia esperar uma simples resposta. A corajem que segurara até então estava sumindo. Arremeçou a pedrinha que estava em suas mãos ao lago, espantando o pardalzinho que saiu voando desnorteado. E aquele lindo final de tarde foi invadido novamente pelo silêncio esvaído em pensamentos.

janeiro 20, 2004

Lembranças de uma infância que ainda me faz criança

Eu tinha um sonho:
Um dia, subiria até o céu
E comeria todas as nuvens de algodão.
Um dia, daqui da terra mesmo,
Encheria o mundo com bolinhas de sabão.
Um dia, livre com os pés no chão,
Caminharia entre montes de bombons.
Um dia, em noite de São João,
Viajaria o mundo dentro de um balão.
Um dia, virgem de todas as maldades do mundo,
Brotaria a bondade em tudo quanto é coração.
Um dia, mesmo sem o poder da palavra,
Transformaria todas as linguagens numa só canção.
Hoje, tenho a certeza de que continuo sonhando.
Alguém me arruma pó de fadas? Quero subir mais alto.

janeiro 19, 2004

Blogues e o poder da escrita

Caros amigos,

Eis-me aqui, concretizando um objetivo que há muito tenho em mente: o de disponibilizar meus pensamentos transformados em palavras para o maior número de pessoas possível. E a Blogosfera é atualmente o meio mais eficiente de tornar isso um fato.

Muitos acreditam que montar blogues seja nada mais nada menos que um comportamento amparado pelo espírito de modismo que o ser humano e os brasileiros, particularmente, insistem em acompanhar. Eu não. Prefiro encarar isso de uma forma otimista e empreendedora. Otimista para o receptor, que tem por escolha mergulhar no assunto que for do seu interesse, e na profundidade que seu fôlego permitir, e empreendedora para o autor do blogue, que tem a oportunidade de publicar aquilo que tem em mente, sem censura e com a criatividade que lhe couber.Tudo isso de uma forma simples, barata e, sobretudo, produtiva.

É claro que haverá o lado negativo. Terão pessoas que se aproveitarão desta ferramenta para utilizar-se de procedimentos ilícitos, cujos proveitos serão, certamente, unilaterais. Mas, por outro lado, há o incentivo à escrita, à criação, à leitura. Sim, crianças e adolescentes horas em frente ao computador, trocando milhares e milhares de experiências através das palavras, no cyber espaço. A prática da Língua Portuguesa numa linguagem peculiar, própria, produto de uma tendência cultural com a cara do século XXI. Estou falando de uma nova linguagem e não é demais arriscarmos dizer até mesmo uma nova literatura. Sim, o nascimento de novas idéias, de novos personagens, de novos mundos e de novas esperanças.

E que venha tudo isso porque tem muita gente de braços abertos e de olhos preparados para o que está por vir.

Abraços a todos!

janeiro 11, 2004