maio 08, 2014

Não imagine na Copa, tire suas conclusões agora



A escalação da Seleção Brasileira nesse último dia 7 reforçou minha visão pessimista sobre o futuro político do Brasil entre Copa do Mundo e Eleições presidenciais. A saída da população às ruas durante esses meses que antecederam a escalação futebolística em protestos contra a Copa apresentou uma parcela de brasileiros encorajados pela imprensa, representando o velho sensacionalismo precário que nosso povo tanto aprecia.

Em meio a uma audiência potencialmente superior, dedicada pela mesma imprensa que envidencia os protestos e os engajamentos  políticos (falsos) de nós, brasileiros, o Felipão apareceu basicamente em rede nacional, cortando programações fixas nas telas televisivas esclarecendo que o país do futebol definitivamente não possui consciência política. E que sim, a memória do nosso povo é tão curta quanto a de um roedor.

Ou você achou que em meio a tantas manifestações de repúdio à Copa do Mundo no Brasil, ao olhar míope que as pessoas empregam diante da construção de estádios, à exposição dos problemas com saúde, moradia, alimentação e segurança (como se a corrupção no Brasil tivesse nascido ainda ontem), iria de alguma forma extrair uma comoção coletiva da população, reprimindo em cada brasileiro a afeição pelo futebol?

Você realmente achou que expressões como “Vou me mandar daqui na Copa!”, as milhões de entonações aplicadas ao fatídico “imagine na Copa!” e tantas outras manifestações contrariando a ÚNICA COISA QUE UNE O BRASILEIRO estavam trazendo à tona um reconhecimento populacional de que precisamos melhorar o país nas urnas?

O Brasil sofre de um cinismo coletivo que não cabe mais na nossa forma conformista de ver a vida empregando a direção torta do povo diante dos fatos sociais apenas e tão somente à manipulação da mídia e dos grandes jornais e revistas. A mídia mostra os dois lados da moeda. Está aí para quem quiser ver. A Globo não está lá pintando o parlamento de dourado e tampouco omitindo a precariedade em hospitais públicos, da falta de segurança na porta (e às vezes dentro) da sua casa. Então por que razão desonerar o povo da responsabilidade diante de tudo isso?

O Brasil é especialista em responsabilizar o outro, em nunca assumir a responsabilidade. Não é culpa. É responsabilidade. Sair às ruas é fácil. Mas eu DUVIDO que todas essas pessoas que estão protestando contra a Copa do Mundo simplesmente não ligarão a TV durante a transmissão dos jogos em meio a amigos e uma boa cerveja gelada, ou virarão ao patrão e declinarão do prêmio de ir pra casa mais cedo para ver os jogos por serem contrárias ao evento.

Sair às ruas, protestar, criar e gerar no outro consciência política antes tarde do que mais tarde é válido, sim. O que não é válida é a incoerência nas atitudes porque, nesse caso, seria oba-oba ou qualquer outra coisa, mas de longe, de muito longe, isso seria luta por um país melhor. A nossa luta já há muito tempo vem sendo a luta por um país do futebol melhor e apenas isso.

maio 07, 2014

Demiti a Carla



Foi numa sexta-feira em meio ao expediente que decidi colocar em prática algo que já vinha pensando há muito tempo. Um relacionamento conturbado de quatro anos tinha chegado ao fim e a tática seria  a cartada final depois de milhões de pedidos de desculpas, promessas de mudanças, ingressos para show comprado, e tantas coisas que nem me recordo mais.  É assim que funciona quando você tem a limitação de achar que é o problema de tudo.

A reputação da Carla já era do meu conhecimento há anos. Naquela ocasião, quatro grandes amigos já tinham passado por ela e eu também, bem provavelmente, em meio a algumas histórias. Pois bem, naquele dia, peguei o telefone e liguei para ela no meio do departamento: “Oi, meu nome é Juliana, peguei seu telefone com uma amiga, posso marcar uma hora, se possível ainda hoje?”. Estava nervosa e apreensiva e fui caminhando para a sala de reunião vazia que estava ao lado. Fechei a porta e continuei o breve diálogo. Devo ter mencionado valores, mas ela, experiente, me cortou e disse que teria uma hora na agenda no dia seguinte, sábado, às oito da manhã.

A voz que ouvi do outro lado da linha foi a de uma pessoa forte. Falava firme, com segurança e uma certa imposição. Aceitei de pronto um encontro no sábado, às oito da manhã sem nem raciocinar direito. Era questão de vida ou morte. Ao desligar o telefone, pensei imediatamente: “Estou ferrada, essa mulher vai acabar comigo”.

Continuei o meu trabalho normalmente e com uma pontinha de esperança. Devo ter anunciando ao foco minha última cartada, mas não me lembro muito bem. Isso foi há três anos.

No dia seguinte, peguei o metrô e desembarquei na Estação São Judas. Estava tão perturbada que não conseguia pensar direito nas indicações de endereço. Entrei num prédio que estava sendo lavado e mandei “Bom-dia, tenho um horário na Carla, no oitavo andar”. A pessoa procurou pelo nome, fez algumas ligações e finalmente comunicou que não existia ninguém com o nome de Carla lá. Na hora pensei que fosse algum sinal, que deveria recuar ou coisa do gênero. Sou muito ligada a essas intuições que vem do nada. Mas não, peguei o telefone e entendi que, óbvio, estava no prédio errado. Corrigi o endereço e finalmente cheguei.

Atendeu-me uma moça jovem, bonita, com traços italianos, o tom firme, como eu havia notado por telefone. Mas não era uma senhora de meia idade, daquelas que colocam medo e que você fica apreensivo só de encarar. Sentamo-nos em uma poltrona, uma de frente para a outra, numa distância bem próxima, daquelas que não tem como você desviar o olhar, sair correndo, fazer algum gesto com a boca ou a sobrancelha, ou qualquer outra circunstância sem ser percebido. Sem ser analisado. Embora estivesse à minha frente uma pessoa simpática e com uma energia muito leve, aquilo era muito intimidador. Ela me olhou e disse aquilo que repetiu por muitas outras sessões – ela me disse um dia desses quantas eram, mas eu não me lembro -: “E então?”.

Comecei a falar, falar, falar, num monólogo que até hoje me soa como inacreditável. Não sei como consegui falar tanto de mim. Expliquei o motivo da minha estada ali, o que eu queria e, quando me dei conta, umas duas horas depois, virei pra ela e perguntei “E então, quando é a próxima sessão?”. Ela sorriu e me disse para ter calma. Antes, eu teria que responder a uma pergunta muito séria: “Preciso saber por que você está aqui, se por você ou pelo que motivou sua vinda até aqui?”. Depois de toda aquela conversa, foi a primeira vez que gaguejei. Óbvio que a forma da pergunta já presumia o que eu deveria responder para ser aceita. E eu achando que seria assim, tão fácil. Mas não pensei muito, não. Gaguejando, elaborei algo sobre a minha necessidade de ser uma pessoa melhor e outras coisas que honestamente não me lembro. Afinal, eu tinha um motivo para estar lá. Em certo momento em meu monólogo, cheguei a dizer que faria qualquer coisa para ter meu relacionamento de volta. Veja bem, eu disse QUALQUER COISA. Na hora, não notei a alteração no semblante dela, coisa que aprendi a observar algumas sessões depois. Mas o fato é que no epílogo da nossa primeira sessão, eu me ative a responder aquilo que ela gostaria de ouvir (ou não), crente que ela não tinha percebido a minha derrapagem. Acho que me apresentei como um caso interessante a ser tratado, não sei. Marcamos a sessão seguinte e as próximas para as quintas-feiras.

As quintas-feiras eram sagradas para mim. Costumava dizer que fazia parte da minha trindade-santa-semanal: às quartas, um passe; às quintas, terapia; e às sextas, um porre.

Nos meus encontros sociais, sempre que filosofava sobre a vida, colocava a Carla no meio. Ela, sem saber, tornou-se íntima de todos que me conheciam.

Carla sempre brincou comigo dizendo que era uma instituição na minha vida. Todo mundo conhecia a Carla por me ouvir falar. Recebi várias ofertas para fotografá-la às escondidas e então matar a curiosidade de saber como ela é. Outros amigos tiveram esse prazer. Carla atendeu algumas indicações minhas, a gente quase criou um programa de fidelidade.

Desde aquela primeira sessão, eu só me questionava sobre o motivo, o qual tinha demorado tanto a fazer terapia. Meu relacionamento passou por alguns ensaios depois daquilo. Alguns, muitos, diga-se de passagem. Mas, para você ver como são as coisas: a terapia me ensinou que eu não deveria resgatá-lo, que não era bom pra mim, que não correspondia àquilo que eu quero para a minha vida. Tenho absoluta certeza de que eu não teria chegado a essa conclusão sem a Carla.

Depois de longos meses superando meu motivo inicial, a Carla me concedeu aquilo que, ironicamente, respondi em sua primeira pergunta. Ensinou-me a me conhecer e o caminho para ser uma pessoa melhor. Você colocado na frente de um espelho, não tem nada que melhor justifique o desejo e a necessidade de mudar.

Assim como muitos, cometi erros severos com a psicanálise. Achava que jamais poderia dar certo, uma vez que o terapeuta estaria diante apenas da minha  versão sobre os fatos. Que ingenuidade. Até que entendi que terapia não é um tribunal, não é um julgamento, não é o famoso jogo do que é certo ou errado. É autoentendimento. Como prêmio, você também aprende a conhecer melhor as pessoas. Comigo deu certo.

Hoje, estou dando continuidade à abertura de novos ciclos e também em reviver alguns antigos. Antes da Carla, eu só não pirei completamente porque tinha o meu refúgio na escrita, na música, na arte. Estou buscando isso tudo de novo. Usando a experiência de ser o que me tornei, unindo àquilo que nunca deixei de ser. A receita origina uma Juliana mais legal, mais crítica, certamente, mas também muito mais flexível em relação ao outro. Ontem, disse à Carla que precisava andar sozinha por um tempo. Ela entendeu, pegou tudo o que aprendeu sobre mim e me respeitou. Estou na minha nova velha experiência de caminhar sozinha. Não sei por quanto tempo. Carla e o Tio Freud, como ela costumava dizer, voltarão em algum momento, mas só depois que eu usufruir de tudo isso que aprendi sobre mim e identificar a necessidade de novos autoentendimentos.

março 05, 2009

Entre borboletas e urubus

dio santo! há até pouco tempo, eu era daquelas que dormia de meia e edredon, não importasse o calor que fizesse. não, não residia no nordeste. minha morada sempre foi em dijá mesmo - ou diadema city, como preferir. até que me mudei pra um apartamento fresquinho, todo branco, calmo por dentro e barulhento por fora, para que os sintomas da menopausa aflorassem em plenos 20 e poucos anos. ok, nada de menopausa. a pergunta que assola a rapaze são paulo afora é "que calor infernal é esse"?

bastou o calor para que meus hábitos invernísticos se fossem de vez. passei a domir de calc****** e, ops!, sem meias. pra completar as sessões refrescantes, passei a abrir a janela também. funcionou bem por alguns dias até que, na noite passada, uma visita não convidada, não imaginada e muito mal vinda, diga-se de passagem, resolveu aparecer. eu lá, vendo "onde os fracos não tem vez" dublado, quase me convencendo a ir dormir sem escovar os dentes, luzes ainda acesas e... o ser voador gigante adentra pela janela em minha direção.

depois de uma sucessão de gritos e coisas esparramadas pelo quarto e pisadas pelo chão, minha mãe decidiu vir ser a forte vez e me socorrer. sem entender direito o que acontecia, batia com um pano nos móveis do quarto, revistas e todos os lugares por onde o monstro poderia ter decidido pousar. a essas alturas, a janela estava fechada e minha mãe não encontrava o você-sabe-quem que decidira passar a noite comigo, como se fosse fácil e permitido qualquer um chegar assim pra me fazer companhias noturnas.

depois de muito procurar e eu apenas observar com os cabelos arrepiados na porta, ela jogou os panos e decidiu que não havia nada. tudo poderia ter sido fruto do filme que eu estava vendo. me deu boa-noite e disse que a chamasse caso o você-sabe-quem aparecesse. se eu consegui dormir? vencida pelo sono, sim, mas com pesadelos com seres voadores, lógico.

enquanto tomava meu café-da-manhã e assistia ao jornal, minha mãe senta-se ao meu lado e comenta que eu estava fazendo um escândalo por conta de uma borboleta - imaginem! - enquanto havia condomínios em situações piores, cujos apartamentos eram divididos com urubus. você entendeu direitinho, eu disse u-ru-bus que, ainda por cima, são protegidos pelo ibama e não podem ser expulsos.

pode uma coisa dessas!?

está decidido. a partir de agora, dormirei com a janela lacrada. senão, daqui a pouco uma cegonha adentrará voando e eu não terei nem como contestar.

ops, brincadeirinha!
A volta de quem nunca foi

É, pessoal, eu sempre me vou sem de fato ir. Acho que isso tem muito a ver com os momentos que vivemos. Muitas vezes, sem perceber, a gente acaba dedicando tempo e atenção para outras coisas ou outras pessoas porque, por natureza, a vida pede isso de você. Isso não acontece necessariamente por frustrações ou coisas do gênero, mas, talvez, por adaptações.

De repente, você consegue equilibrar as coisas sem o risco de se desapegar do que é importante. Creio que cheguei a este ponto e, não sei bem, mas acho que vai dar certo. Voltei a minha atenção às filosofias da vida e conseguirei organizar meus pensamentos por aqui.

Para oficializar este retorno, usei do meu impulso para dar uma cara nova ao Proseando. Melhor dizendo, usei beeem pouquinho porque, se realmente tivesse adaptado as minhas idéias, teria menos visitas do que realmente tenho.

Por isso, um viva e um obrigada especial à Carol, que impediu que eu utilizasse as minhas habilidades de designer para o bem de todos nós.

Que nossas prosas sejam prazerosas e, aproveitando a proposta artística, que tudo fique assim, tudo azul!

dezembro 10, 2008

sabe, as verdades ditas no momento da raiva tendem a ser mais verdadeiras do que as outras verdades. a gente tenta apaziguar, mentalizando que esse tipo de coisa não vem do coração, que não passa de um surto psicótico raivoso que, quando dispensado de dentro da gente, é naturalmente minimizado e deixado de lado.

tudo mentira.

a gente tem mania de enxergar só as partes boas e fica correndo atrás de desculpinhas cruelmente tendenciosas só pra não encarar ela, a verdade, de frente. mascara tudo, passa a borracha e segue a vida ignorando o fato de que essa mesma verdade voltará algum dia, talvez com mais força, talvez mais verdadeira, arrasando com aquela coisa customizada que a gente produziu só pra se sentir bem.

tudo verdade.

dezembro 01, 2008

outro dia estava pensando em acabar com tudo isso aqui, mas mudei de idéia porque costumo repensar quase tudo o que decido impulsivamente. não quero hoje, mas só de raiva o meu instinto geminiano e instável por excelência fará com que eu queira amanhã. é, minha gente, eu me conheço. costumo fazer comigo quase tudo o que faço com vocês. incluindo as raivinhas e os momentos felizes. vai entender.

estava vendo a minha mais nova série favorita, brothers and sisters, e, num insight, me veio tantas coisas que eu poderia externizar. bastaria me sentar em frente ao computador e dispensar tudo no meu teclado negro (que um dia minha mãe confundiu com um mouse, mas essa é uma outra história), e pronto. estaria resolvido. mas então, eu me coloco a perguntar os porquês julianísticos e deixo tudo passar, largo de mão, esqueço e prefiro ver tevê. eu não entendo. penso que entendo de mulheres, mas é tudo mentira. entendo nada. nada. nada.

estou apaixonada. sim, estou. talvez, esta nova sensação tenha me insentado da necessidade de compactuar com meus pensamentos. eles já não são primeiros termos. é, não são. até a estratégia de adormecer se transformou numa outra estratégia, embora às vezes eu ache que tudo isso está errado. cada vez que me aventuro num repensar de relação ou na olhadela infeliz pro lado de lá ou no telefonema que está demais ou de menos... não importa. não me entendo.

enfim, não acabei com isso aqui. e nem vou acabar. um dia ou outro, alguma visita isso aqui terá. talvez, a minha. talvez, a dela. e, arrependimentos, só dos que não escrevi.

julho 23, 2008

Meu Nome Próprio

detesto críticas. opiniões alheias. observações dispensáveis.

acontece que quando você produz algo, esse algo está sujeito a interpretações. o mundo está cheio de 'atitudes humanas mais antigas', mas ainda assim arrisco dizer que interpretar é um ato pioneiro. dar a explicação que bem entender a respeito de todos os assuntos e não se importar com a repercussão.

assim é a maioria das pessoas e, que novidade!, eu não me excluo. simples: toda arte existe para ser contestada e, a partir do momento que é lançada a olhares alheios, perde-se por completo o domínio do seu verdadeiro, ops novamente!, inicial valor.

esta introdução existe para dizer que ontem decidi me visitar. voltei ao passado responsável pelo esboço de quem sou hoje e o encarei de frente nas telonas. conferi o longa "Nome Próprio", de Murilo Salles, inspirado nas obras de Clarah Averbuck, cujas palavras, há uns cinco ou seis anos, germinaram a juliana de hoje.

não sou clarah, não sou camila, nunca fui e nem pretendo ser. ocorre que quando uma obra de arte faz sentido, você se vê dialogando com ela de forma natural. foi assim comigo. a autora, sua história e sua personagem me ensinaram a arrancar de mim a coragem de viver de forma idiossincrásica, como deveriam ser todas as vidas. não sei se hoje estas figuras teriam me resgatado, mas naquela época tudo fez sentido.

acredito ter pecado revelando-me uma fã. acho que a gente não deveria se colocar neste status diante de ninguém. obviamente não trata-se de inveja. é apenas uma conclusão de auxílio para ajudar as pessoas a continuar sendo tudo o que são. sem intervenções.

clarah, camila e o brazileira!preta foram fundamentais para que eu entendesse a razão de estar aqui hoje. e isso pra mim basta.

mas preciso dizer sobre o filme. o mesmo filme, o qual fui procurada, como leitora-fã de Clarah Averbuck, para complementar os estudos pré-filmagens. sabe-se lá se isso realmente aconteceu, mas necessito afirmar que a obra complementar é tão importante pra mim quanto deve ser para a própria Clarah. ela pode achar que não, mas suas palavras foram fundamentais para mim e as milhares de pessoas que as leram, a ponto de se transformarem em utilidade pública. isso deve ser doloroso, imagino. o ato de ser lido deve ser tão doloroso quanto o ato de escrever. Clarah sabe muito bem disso e não cabe a mim tentar justificar.

a questão é que a adaptação (e peço desculpas aqui pelo que escreverei se o termo adaptação por si só insenta todo e qualquer comentário que se faça sobre a obra original), não fez jus à camila que falava diretamente comigo aqui bem pertinho do meu ouvido. a camila da leandra é por demais lírica e, ao tentar resgatar todo o elenco de uma inexperiência nítida, acaba esquecendo-se de sua essência. okay, o lírica fica por minha conta. quem conhece a camila real sabe a que me refiro. a semelhança, talvez única, entre as duas é que ambas não fazem o menor esforço para serem queridinhas por quem as conhece. nisso, murilo acertou: a busca por algo incrivelmente intenso, tão intenso que até se duvida de que realmente exista.

por demais, sobram elementos como o próprio roteiro em si, fatalmente ultrapassado, uma vez que o universo dos blogues fora ligeiramente substituído pelo das comunidades onlines, que, por igual fatalidade temporal, será substituído por uma novidade contemporânea qualquer. fatores técnicos cinematográficos, embora não sejam de minha alçada, também merecem ser mencionados. falhas de edição e disparidades entre a fala e o áudio são facilmente encaradas como absurdos numa época em que processos como estes são amparados pelas melhores das tecnologias. pôde-se visualizar, por milésimos de segundos, um dedo na frente da câmera em uma das cenas. uma análise técnica mais profunda, não me caberia.

a única coisa que cabe agora é prosseguir de onde parei. é o que cabe a todo mundo.

de mim, um brinde às inúmeras camilas que tentam se resgatar cyberespaço afora.

junho 30, 2008

atendo o telefone e, do outro lado, ouço um meigo "e aí, como você está?". respondo que tudo bem, devolvendo a pergunta. na seqüência, ouço uma sucessão de suspiros e onomatopéias. engulo meus instintos e fico quieta, como se numa tentativa de pressionar um comentáro que venha sem medos e sem medidas, antes dos meus. com algum esforço e muita psicologia, eles saem. abstraio a situação e sigo.

entro no msn e sou surpreendida pelos parágrafos que escrevo, na íntegra. eles aparecem seguidos de interrogações nas entrelinhas sobre o que significam. e então, eu rio. a complexidade do ser: questiono sobre o que ela não fala e ela me questiona sobre o que eu falo.

ao contrário dela, não consigo me insentar das explicações. ela torna a me questionar sobre o fato de que, se escrevo, é sobre mim e pode ser sobre ela. eu concordo. mas replico dizendo que escrever sobre mim é uma coisa, mas nem sempre significa que seja algo que eu sinta. talvez, seja apenas algo que eu pense. e ninguém é imune aos próprios pensamentos.

ela diz que entende. e eu finjo que acredito. baixo o meu olhar, ignorando o fato de que, algum dia, isso será tema de uma das nossas crises. talvez seja. e por conta da minha racionalidade extrema. neste final de semana, ela me ensinou que não é saudável deixar que as pessoas nos incomodem por qualquer assunto. perguntei a ela se certa coisa não a afetava e ela me explicou que permite afetações apenas sobre o que realmente importa. sorri por dentro.

naquele momento, entendi que ela não precisava falar muito porque a própria forma de ser já era o suficiente. algumas pessoas são assim. são o que são por natureza e não por teorias minuciosamente transcritas no bom português.

sugeri a ela que não tentasse me entender pelo que escrevo. definitivamente, não seria saudável. algumas pessoas precisam ter um certo discernimento quando decidem cavucar as outras por dentro. sinto que isso não a acalmou. vou publicar este texto e, novamente, ser acometida por interrogações camufladas sobre tudo que acabei de escrever. desta vez, está direto e objetivo. espero que minha racionalidade seja perdoada.

e espero, ainda, que ela entenda que eu a amo de todas as maneiras, independentemente do meu senso de observação.

E eis que finalmente ficou pronto!

Amigos visitantes, compartilho com vocês mais esta competente organização, administrada pelo ilustríssimo Sergio Simka, da qual participo com um artigo.
Este livro tem por objetivo proporcionar uma reflexão sobre a importância da comunicação nos tempos atuais, seja nos planos pessoal ou profissional, seja nos aspectos oral e escrito.
A obra é uma reunião de artigos que tratam de temas atuais da comunicação, numa abordagem simples e didática, para que realmente seja funcional.
Seus autores são professores, comunicadores e estudiosos das relações comunicacionais, interessados em transmitir seus conhecimentos e ampliar as discussões acerca do tema.

Aos que desejarem adquirir um exemplar, por favor, me contatem pelo jmarciano@terra.com.br. A contribuição consiste na simbólica taxa de R$ 15,00 + despesas de envio.

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Aquele abraço.