junho 28, 2004

A Revolução da Comunicação

Mas que coisa! Quando você acha que entende tudo de Internet, que está super antenado com as últimas novidades virtuais, que o homem já superou toda sua capacidade de criação, que não, você não vive mais no passado, pronto! Bastam algumas horas para a novidade deixar de ser novidade.

Até pouco tempo atrás, você cansava de escrever folhas e mais folhas à caneta esferográfica, anexava a um envelope, selava, colocava no correio e aguardava alguns bons dias para chegar ao destino e gerar uma resposta. Então, inventaram o e-mail. Bastam alguns cliques e a mensagem chega ao destinatário em questão de segundos. E com recursos pra lá de sofisticados: se quiser, pode mandar a mesma mensagem para uma leva de destinatários num mesmo clique; pode também mandar algo confidencial a um, com o outro no campo oculto, sem medo ou receio de quebrar o sigilo entre um e outro; pode, ainda, requerer a certeza de recebimento ou leitura da mensagem. Tudo isso, sem a necessidade de comprar envelopes e selos, escrever a carta, ir até o correio para postá-la e ainda esperar pela resposta por, no mínimo, uma semana.

Mas eis que surgem as facilidades do dia-a-dia. Hoje, qual alma não possui um endereço eletrônico? Explorando ainda mais a capacidade humana e firmando a revolução tecnológica que, sabe-se lá se algum dia terminará (espero que não!), o e-mail deixou de ser novidade, cedendo espaço ao chat. Mensagens espontâneas trocadas entre duas ou mais pessoas, a amplitude de tudo quanto é tipo de relacionamento, tudo simultaneamente, subestimando limites e expandindo cada vez mais o mercado virtual e abrindo novas possibilidades. Das salas de bate-papo ao ambiente familiar do MSN ou do ICQ. Novamente, a Internet provando que nem mesmo o universo (virtual) é o limite.

Você dorme, acorda e, de repente, e-mail, MSN, ICQ, tudo o que fora criado, revelam-se simples acessórios. Ferramentas que são partes de algo que ainda não satisfez os limites humanos. Passam a ser simples adequações à vida das pessoas, ao trabalho, à escola, ao meio social. São peças necessárias e indispensáveis a qualquer atividade. Você se vê entrosado e nem cogita a possibilidade do "algo mais". Tudo bem se parou por aí.

Mas não, a coisa não pára. Surge então, uma outra forma de comunicação – o blogue. Sites pessoais, aonde é possível encontrar informação de qualquer gênero, sobretudo, o literário. Um local para divulgação de trabalhos, pensamentos e, inclusive, um espaço para formação de ciclos de amizades. Milhares e milhares de pessoas conectadas a mais esta novidade. Novas adequações e horizontes ampliados.

Quando pensei que já tivesse visto o suficiente, pimba! Surge algo extremamente inovador, extravagante e, aparentemente, insuperável - o Orkut – uma comunidade dentro de muitas outras comunidades - um lugar aonde os relacionamentos são, propriamente ditos, como ciclos. Você entra, convidado por alguém, e, por mais que duvide, vai acabar encontrando um fulano que não vê há anos, com quem estudou algum dia, teve uma affair ou qualquer coisa parecida. De comunidade em comunidade, você percebe que a solidão não passa de um substantivo prepotente que alguém lá atrás inventou e que o mundo é muito, mas muito menor do que você algum dia chegou a imaginar.

Então, inevitavelmente, você vai olhar pra trás e perceber que, quando descobre a novidade, ela já é antiga. Vai descobrir que a cada piscar de olhos tem alguém que pisca mais rápido que você e que, enquanto a gente pensa que o homem ainda está pensando em criar seres robóticos, um outro homem feito do mesmo material que você e, provavelmente, nascido na mesma década que você, já está séculos à sua frente. E, como num despertar religioso, vai descobrir, ainda, que de tudo você pode duvidar, mas nunca da capacidade de criação da mente humana.

Nesse desenvolvimento todo, você se encontrará obrigado (será questão de sobrevivência) a mudar o seu conceito sobre a solidão. Somente estará sozinho aquele que renegar os avanços tecnológicos – a revolução da comunicação.

Não vejo nenhum solitário daqui do outro lado da tela.

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