abril 27, 2004

Texto crítico

Okay, okay. É fato que tudo nessa vida é concebido partindo de uma opinião pré-esatabelecida sobre algo ou alguém. E é fato também que essa tal opinião não precisa simplesmente nascer, viver e comer muito arroz com feijão para ser notada. Não, não, ela já nasce com força tamanha, com capacidade total para destruir ou alavancar qualquer coisa. Exatamente, eu disse qualquer coisa.

Sim, sim, falo dela mesma: a CRÍTICA. Essa palavrinha trissilábica tão comum, tão conhecida por todos, tão presente em cada fio de pensamento, tem um poder tão grande que ninguém, absolutamente ninguém, é capaz de deter. Muito mais que um poder ou uma conduta comportamental, a crítica é uma necessidade. E nós somos absorvidos pelo ato de criticar de forma tão fluente, a ponto de nos perdermos e afundarmos na grande confusão que se cria quando não se consegue perceber a diferença entre criticar e julgar.

Julgar. Criar opinião. Dizer o que se pensa no ímpeto do momento. Essas características fazem de nós simplesmente seres humanos e desconhecedores do significado de sermos seres críticos. Eis a grande diferença e o motivo pelo qual vemos nossos semelhantes tornarem-se, de um segundo para outro, seres monstruosos, mesquinhos e, por muitas vezes, inconseqüentes.

Mas, como dizemos no nosso dia-a-dia quando algo está longe de uma conclusão sensata, "é a vida". E de fato é mesmo porque a vida também é movida pela crítica. O governo de nenhum país terá rumo decidido senão por meio da opinião crítica de alguém - seja de uma população ou de uma cúpula; nenhum escritor, por mais que isso possa parecer desconfortável em determinados momentos, terá sua obra firmada senão pela opinião crítica de alguém; idem para os músicos, artistas plásticos e toda variada categoria artística; nenhum filho assume determinada conduta ética e moral na vida senão pela opinião dos pais ou de quem o criou ou de quem interferiu diretamente no seu crescimento e amadurecimento - aqui, entenda-se amigos de infância, colegas de escola, professores, chefes et cetera. E assim, reforço mais uma vez, "é a vida".

Ah, mas ela está focada somente em único lado dessa tal de crítica, vocês devem estar pensando. Não, claro que não. Eu não me esqueci que existem as críticas construtivas e as críticas destrutivas. E também não descarto a possibilidade de uma crítica destrutiva ter lá o seu quê de positiva. Estou errada? Ao menos para identificar que o crítico é, no mínimo, um precipitado ao formar determinada opinião destrutiva sobre algo, esse tipo de crítica serve. Daí, dependendo da perspectiva, muitos outros aspectos positivos podem ser extraídos. Pode tentar se quiser, mas cuidado para não correr o risco de ser considerado também um mesquinho, ao tentar combater uma mesquinharia com outra.

É justamente aí que mora o xis da questão. A grande proeza que faz da gente "pessoas críticas" e "pessoas críticas" está na diferenciação entre ser um bom observador e ser um oportunista de plantão, registrando nas pessoas apenas os seus deslizes. E mais uma coisinha: saber relevar, filtrar o que realmente é importante e faz a diferença. Saber ser um bom observador e registrador dos fatos e não um paparazzi do mundo real.

Isso, esse será meu exercício daqui pra frente.

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