agosto 16, 2004

Por que as pessoas vão ao cinema?

Pelo mesmo motivo que as impulsionam a ouvir uma música, você pode dizer.

Por ser um hobby tecnicamente construtivo, capaz de abstrair as futilidades da vida ou de transformá-las, dependendo do ponto de vista.

As pessoas também podem ir ao cinema para se ver sozinhas. Para fugir do mundo que as cerca. Ou para fugir de algumas pessoas. Ou ainda, para fugir com uma pessoa. Uma só.

Para sonhar, sem se importar com a realização. Fechar os olhos e se imaginar caminhando num belo campo coberto de flores silvestres, livres de pensamentos ruins, das maldades que nos cercam, dos espíritos corrompidos. Ou nuas, numa cama forrada com lençóis brancos, acompanhadas pela Nicole Kidman ou pelo Gael Garcia Bernal.

Talvez as pessoas entram na sala escura e sentam-se em frente à grande tela com a intenção única de se transformar. E ninguém termina de ver um filme sem um mero grau de transformação.

Respostas. As pessoas também podem ir ao cinema em busca de respostas. Significados. Justificativas. Elas desejam compreender o amor, explorar o amor, absorver a visão dos cineastas. Compreender a guerra também é outra possibilidade. Talvez as pessoas queiram encontrar culpados. Ou se descobrir culpadas. Existem boas almas que se preocupam com isso.

Projeções. Sim, o cinema também permite ao indivíduo projetar a sua vida. Desenvolver um objetivo. Oferece um ponto de partida, um apoio para o primeiro passo.

O principal motivo que leva as pessoas ao cinema é o auto-conhecimento. O estado de meditação a que recorrem entre uma cena e outra. Entre uma pipoca e outra. A reflexão de um sorriso inesperado, de um comentário baixinho entre o casal do lado. De analisar uma história para poder comentá-la depois. Para recomendar a uma pessoa querida.

As pessoas vão ao cinema porque o cinema é arte. Para quem faz e para quem aprecia. Porque, ao contrário do medo social, a juventude não está corrompida por completo. O cinema salva, assim como a música. Assim como os livros.

Um comentário:

Natame Diniz disse...

muito boa sua definição!