A escalação da Seleção Brasileira nesse último dia 7
reforçou minha visão pessimista sobre o futuro político do Brasil entre Copa do
Mundo e Eleições presidenciais. A saída da população às ruas durante esses
meses que antecederam a escalação futebolística em protestos contra a Copa
apresentou uma parcela de brasileiros encorajados pela imprensa, representando o
velho sensacionalismo precário que nosso povo tanto aprecia.
Em meio a uma audiência potencialmente superior, dedicada
pela mesma imprensa que envidencia os protestos e os engajamentos políticos (falsos) de nós, brasileiros, o
Felipão apareceu basicamente em rede nacional, cortando programações fixas nas
telas televisivas esclarecendo que o país do futebol definitivamente não possui
consciência política. E que sim, a memória do nosso povo é tão curta quanto a
de um roedor.
Ou você achou que em meio a tantas manifestações de repúdio
à Copa do Mundo no Brasil, ao olhar míope que as pessoas empregam diante da
construção de estádios, à exposição dos problemas com saúde, moradia,
alimentação e segurança (como se a corrupção no Brasil tivesse nascido ainda
ontem), iria de alguma forma extrair uma comoção coletiva da população,
reprimindo em cada brasileiro a afeição pelo futebol?
Você realmente achou que expressões como “Vou me mandar
daqui na Copa!”, as milhões de entonações aplicadas ao fatídico “imagine na
Copa!” e tantas outras manifestações contrariando a ÚNICA COISA QUE UNE O
BRASILEIRO estavam trazendo à tona um reconhecimento populacional de que
precisamos melhorar o país nas urnas?
O Brasil sofre de um cinismo coletivo que não cabe mais na
nossa forma conformista de ver a vida empregando a direção torta do povo diante
dos fatos sociais apenas e tão somente à manipulação da mídia e dos grandes
jornais e revistas. A mídia mostra os dois lados da moeda. Está aí para quem
quiser ver. A Globo não está lá pintando o parlamento de dourado e tampouco
omitindo a precariedade em hospitais públicos, da falta de segurança na porta
(e às vezes dentro) da sua casa. Então por que razão desonerar o povo da
responsabilidade diante de tudo isso?
O Brasil é especialista em responsabilizar o outro, em nunca
assumir a responsabilidade. Não é culpa. É responsabilidade. Sair às ruas é
fácil. Mas eu DUVIDO que todas essas pessoas que estão protestando contra a
Copa do Mundo simplesmente não ligarão a TV durante a transmissão dos jogos em
meio a amigos e uma boa cerveja gelada, ou virarão ao patrão e declinarão do
prêmio de ir pra casa mais cedo para ver os jogos por serem contrárias ao
evento.
Sair às ruas, protestar, criar e gerar no outro consciência
política antes tarde do que mais tarde é válido, sim. O que não é válida é a
incoerência nas atitudes porque, nesse caso, seria oba-oba ou qualquer outra
coisa, mas de longe, de muito longe, isso seria luta por um país melhor. A
nossa luta já há muito tempo vem sendo a luta por um país do futebol melhor e
apenas isso.
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