março 08, 2007

descobri que sou uma negadora nata, daquelas que negam a essência, os problemas, as alegrias, os anseios.

em relação a você, muita coisa deixou de ser negada. só você teve o dom de me causar certas sensações. jamais neguei que passar madrugadas ao seu lado, filosofando sobre a vida e rindo das nossas histórias com nossos amigos foram momentos impagáveis.

jamais neguei que minha vida cheia de gente hoje foi desenvolvida me espelhando em você.

jamais neguei que minha paixão musical nasceu por sua causa, ainda quando falávamos de bossa nova, da dany gato e da zelinha.

jamais neguei que a profissional juliana hoje foi inicialmente idealizada por você, graças ao seu feeling de sacar pessoas e aproveitá-las - não se aproveitar delas. não entendo bem o porquê, mas não me sinto aproveitada negativamente por você. porque o amor é capaz de justificar até o injustificável.

jamais neguei que você sempre foi uma boa pessoa. até hoje insisto em acreditar que os nossos desvios ocorreram por conta de um coração deixado de lado - o seu.

jamais neguei que sempre quis o seu bem, mesmo quando você jogou na minha cara que minhas reais intenções eram outras, bem outras. mesmo não encontrando fundamento, decidi não invocar qualquer espécie de explicação. prossegui jamais negando que você deu alguma espécie de sentido à minha vida, me abrindo os olhos e os fechando de vez em quando.

jamais neguei que enxergava uma importância tremenda quando, trabalhando, você me despertava com um "oi" do outro lado da linha. ou quando eu ouvia pelo celular "alô alô marciano", carinhosamente dedicada a mim.

jamais neguei que encontrei verdade nas suas palavras - das primeiras às últimas - e por isso estou aqui te libertando do meu coração. e acredite, também não nego que minhas decisões tenham sido impróprias.

de tudo, hoje percebo que você foi a minha única não negação. e esse tipo de coisa somente acontece quando há amor, aquele amor parecido com o maior do mundo. não o de mãe ou o de filho - quase isso, o de amigo.

não nego aqui que jamais senti saudades. que jamais senti vontade de pegar no telefone e te contar sobre o beijo que eu dei, o livro que eu li, o show que eu fui. ou de sair por aí perguntando de você, mesmo sem haver necessidade porque todo mundo me traz notícias suas. não me atrevo negar que fico desesperada quando a notícia que chega é que você está aflito com alguma coisa.

não nego em circunstância alguma que o nosso fim fez em mim um estrondo horrível.

assumo e não nego que passei os últimos doze meses engolindo o choro e que a minha técnica de espairecer foi por água abaixo, libertando soluços sofrridos, logo depois que o avistei vindo na minha direção e eu levantei a cabeça e apressei o passo.

não nego você porque, como diz Drummond:

"de tudo fica um pouco
às vezes um botão
às vezes um rato."

não acho que seja possível pôr um fim no fim. novidade de espírito não tem nada a ver com espírito evoluído. não acho que mudei muita coisa ou que esta situação deva ser mudada. também não busquei em nenhum momento o "dizem por aí", mas acho que você tem o direito de saber como eu me senti durante todo esse tempo. como eu me sinto agora.

apenas isso.

como não tenho culhão pra dizer tudo isso pessoalmente, lanço minhas palavras ao cyberespaço.

2 comentários:

Ariett disse...

Caramba, Ju, hoje tive a prova de que nada acontece por acaso. Resolvi te visitar e dou de cara com esse post que tem TUDO a ver com o meu momento. Aliás, precisamos conversar sobre isso.

alicecampos disse...

lindo.