dezembro 13, 2004

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Uma das grandes frustrações com a geração a qual pertenço é justamente a ausência de argumentos construtivos para se fazer uma revolução, não para mudar o mundo, mas para fazer a diferença nele. Seja qual for o objetivo de fazer a diferença no mundo, no seu trabalho, na faculdade, em qualquer lugar, esse objetivo deve vir amparado pelo respeito às classes sociais, às essências sexuais, às diversidades raciais e também às diferenças de opiniões.

A verdade é que ninguém está de fato preocupado com isso. Talvez, nem mesma eu esteja. As pessoas não estão preocupadas em ser diferentes ou em fazer a diferença. Todo mundo pensa igual, como se a razão tivesse sido padronizada, restrita a um singelo pensamento coletivo: vamos seguir o fluxo que a sobrevivência vem por conseqüência. É isso, a preocupação deve ser com a morte e não com a vida.

Esse fulano aí do seu lado provavelmente não esteja vivo. Essa que vos escreve pode estar proferindo essas palavras do além. Do além da indignação humana. Do além da impossibilidade de compreensão. Do além das nossas dúvidas remetidas à miséria da condição humana. Há tanta coisa pra se lamentar. Pra duvidar. Pra conspirar. Quem está preocupado com o respeito?

Quem aqui se reconhece humano o suficiente para proliferar o perdão? Quem aqui se reconhece puro suficiente para chorar? Não existem lágrimas. Não há sorrisos. O ar que respiramos chama-se melancolia e a vida que bate em nossos corações está isenta de qualquer significado. O desrespeito nos governa.

A vida que se finge viva nos apodrece diariamente. Minuto a minuto. O amor é inatingível e a solidão não está só. Está acompanhada pelo desespero de abrir os olhos e entoar a voz. Estamos todos mortos pelo desrespeito. E a minha última palavra é BASTA.

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