julho 23, 2008

Meu Nome Próprio

detesto críticas. opiniões alheias. observações dispensáveis.

acontece que quando você produz algo, esse algo está sujeito a interpretações. o mundo está cheio de 'atitudes humanas mais antigas', mas ainda assim arrisco dizer que interpretar é um ato pioneiro. dar a explicação que bem entender a respeito de todos os assuntos e não se importar com a repercussão.

assim é a maioria das pessoas e, que novidade!, eu não me excluo. simples: toda arte existe para ser contestada e, a partir do momento que é lançada a olhares alheios, perde-se por completo o domínio do seu verdadeiro, ops novamente!, inicial valor.

esta introdução existe para dizer que ontem decidi me visitar. voltei ao passado responsável pelo esboço de quem sou hoje e o encarei de frente nas telonas. conferi o longa "Nome Próprio", de Murilo Salles, inspirado nas obras de Clarah Averbuck, cujas palavras, há uns cinco ou seis anos, germinaram a juliana de hoje.

não sou clarah, não sou camila, nunca fui e nem pretendo ser. ocorre que quando uma obra de arte faz sentido, você se vê dialogando com ela de forma natural. foi assim comigo. a autora, sua história e sua personagem me ensinaram a arrancar de mim a coragem de viver de forma idiossincrásica, como deveriam ser todas as vidas. não sei se hoje estas figuras teriam me resgatado, mas naquela época tudo fez sentido.

acredito ter pecado revelando-me uma fã. acho que a gente não deveria se colocar neste status diante de ninguém. obviamente não trata-se de inveja. é apenas uma conclusão de auxílio para ajudar as pessoas a continuar sendo tudo o que são. sem intervenções.

clarah, camila e o brazileira!preta foram fundamentais para que eu entendesse a razão de estar aqui hoje. e isso pra mim basta.

mas preciso dizer sobre o filme. o mesmo filme, o qual fui procurada, como leitora-fã de Clarah Averbuck, para complementar os estudos pré-filmagens. sabe-se lá se isso realmente aconteceu, mas necessito afirmar que a obra complementar é tão importante pra mim quanto deve ser para a própria Clarah. ela pode achar que não, mas suas palavras foram fundamentais para mim e as milhares de pessoas que as leram, a ponto de se transformarem em utilidade pública. isso deve ser doloroso, imagino. o ato de ser lido deve ser tão doloroso quanto o ato de escrever. Clarah sabe muito bem disso e não cabe a mim tentar justificar.

a questão é que a adaptação (e peço desculpas aqui pelo que escreverei se o termo adaptação por si só insenta todo e qualquer comentário que se faça sobre a obra original), não fez jus à camila que falava diretamente comigo aqui bem pertinho do meu ouvido. a camila da leandra é por demais lírica e, ao tentar resgatar todo o elenco de uma inexperiência nítida, acaba esquecendo-se de sua essência. okay, o lírica fica por minha conta. quem conhece a camila real sabe a que me refiro. a semelhança, talvez única, entre as duas é que ambas não fazem o menor esforço para serem queridinhas por quem as conhece. nisso, murilo acertou: a busca por algo incrivelmente intenso, tão intenso que até se duvida de que realmente exista.

por demais, sobram elementos como o próprio roteiro em si, fatalmente ultrapassado, uma vez que o universo dos blogues fora ligeiramente substituído pelo das comunidades onlines, que, por igual fatalidade temporal, será substituído por uma novidade contemporânea qualquer. fatores técnicos cinematográficos, embora não sejam de minha alçada, também merecem ser mencionados. falhas de edição e disparidades entre a fala e o áudio são facilmente encaradas como absurdos numa época em que processos como estes são amparados pelas melhores das tecnologias. pôde-se visualizar, por milésimos de segundos, um dedo na frente da câmera em uma das cenas. uma análise técnica mais profunda, não me caberia.

a única coisa que cabe agora é prosseguir de onde parei. é o que cabe a todo mundo.

de mim, um brinde às inúmeras camilas que tentam se resgatar cyberespaço afora.