abril 23, 2008

Dando um tempo

Todos os dias da minha vida sou condicionada a acordar e seguir em frente, fazendo jus ao fatídico carpe diem. Mas como instinto a gente vive e não condiciona, há algum tempo tenho sido involuntariamente acometida pela arte do dar um tempo. Acredite, dar um tempo é um dom, portanto, arte. Você não aprende, simplesmente desenvolve.

Estou dando um tempo de quem desistiu de ser ajudado e guardando a dose de ajuda para a minha insanidade porque, convenhamos, insanidade coletiva dá choque. E, convenhamos novamente, dar choque é muito diferente de chocar quando buscamos as entrelinhas do entendimento.

Daniel Daibem vive dizendo que "o jazz é sempre a mesma coisa, mas nunca do mesmo jeito". Me aprofundei nessa prévia e decidi dar um tempo também de vagar por aí me condenando pela mesmice nossa de cada dia. Porque não é preciso ser poeta ou filósofo para entender que buscamos alternativas movidos pelo instinto, e que o novo nos aparece do nada e do tudo, por conseqüência.

Estou dando um tempo da euforia. De todas elas: desde esperar ansiosa pela hora do almoço até aguardar pela brecha de beijar aqueles lábios. Decidi levar a vida com calma porque tem gente que se incomoda com a intensidade de determinados sentimentos.

Tenho preferido não ser do contra com tanta freqüência e tenho dado um tempo de mostrar para as pessoas sempre os dois lados da moeda. Porque dar um tempo sempre é melhor e mais heróico do que desistir. Tomara que elas sejam sensíveis a isso.