abril 24, 2005

Poema da necessidade
(Carlos Drummond de Andrade)


É preciso casar João,
é preciso suportar, Antônio,
é preciso odiar Melquíades
é preciso substituir nós todos.

É preciso salvar o país,
é preciso crer em Deus,
é preciso pagar as dívidas,
é preciso comprar um rádio,é
preciso esquecer fulana.

É preciso estudar volapuque,
é preciso estar sempre bêbado,
é preciso ler Baudelaire,
é preciso colher as flores
de que rezam velhos autores.

É preciso viver com os homens
é preciso não assassiná-los,
é preciso ter mãos pálidas
e anunciar O FIM DO MUNDO.

abril 11, 2005

Caminhantes Perseverantes na Cantareira

Uma ótima forma de vencer o cansaço pode ser uma cama quentinha, um lindo sorriso no rosto da pessoa amada quando você chega em casa, uma ducha bem demorada, zapear na TV com o controle remoto e com as almofadas do sofá em meio às pernas e elas, as pernas, beeeeeem esticadas sobre a mesa de centro.

Mas a melhor forma de vencer o cansaço, aquele de caminhar quatro quilômetros e meio com uma mochila pesada nas costas, um baita sol quente brilhando lá em cima e incontáveis subidas íngremes, daquelas que faz qualquer ser normal neste mundo pensar em não encarar, a melhor forma de vencer todo esse cansaço é uma só: a companhia.

Companhia como a San, ligadona no 220 V, rindo e fazendo graça o tempo todo, variando de vez em quando com um papo-cabeça sobre a arte e suas interferências na vida das pessoas, amparada pelos mais inesperados neologismos-tentaculásticos-nishídicos, marcando o caminho com o carisma inexplicável, daquele que somente quem a conhece pode compreender.

Companhia como a Polly, mostrando o tempo todo que a recompensa sempre vem depois do sacrifício, que o topo é o único local de chegada e que vale a pena continuar e ser perseverante. Sempre generosa com todos à sua volta, feliz, e pronta para um sorriso necessário ou para um inesperado "vamu todu mundo dumi" pra quebrar o gelo. Com seus amigos, encara tudo - até mesmo o "filhote de monstro" - que nos ajudou a voltar pra casa com a mochila menos pesada.

Companhia como o Rei, o único entre as mulheres, sempre disposto e solícito para o que precisarem. O protetor da ala feminina, o guardião das amigas, aquele que se preocupa o tempo todo, que se previne, que se dispõe, mas que detesta tirar fotos, ou melhor, sair nelas. O Sansão da turma, cuja força não está nos cabelos, mas nas costas, não importando o tamanho ou peso da mochila. Esse é o nosso Rei!

Comapanhia como a Paulinha, sempre risonha e solidária para com os caminhantes perseverantes. Grande motivadora e articuladora dos momentos de descontração da galera. Sem se preocupar com o que virá depois, está sempre pronta para o que der e vier: uma, duas, três, quatro batidas. E desce mais! Brincando de ser criança no Balanço de Pneus, jura pra todo mundo que não existe fórmula para a sua juventude estampada no rosto. Mas que eu ainda vou descobrir o caminho da Terra do Nunca, ah, isso eu vou.

Companhia como a Marininha, que provou que quem fala pouco anda mais e sua menos. Muito bem prevenida e com um baita espírito aventureiro, salvou a gente das picadas dos insetos e levou seu estoque de ban-daid, caso não aguentássemos a caminhada. Ainda bem que não foi preciso. Eita, mulher guerreira!

Companhia como a nossa Diva que, desta vez, não nos consagrou com sua bela voz, mas contribuiu de montão para o astral da galera. Mostrou-se também bastante comovida com a morte do Papa e, amparada pelo espírito humanista de paz e confraternização no mundo, aproveitou o momento para alimentar os famintos da região - os peixes jurássicos e o "filhote de monstro".

Companhia como a Ana, mestre das artes e do bom português - deixa qualquer analfabeto da língua com UM DÓ por não saber, que vou te contar! Mesmo em estado de choque com a caminhada de uma hora calculada pelo Rei, aproveitou muito bem o momento para exercitar os braços e as pernas nas descidas, enquanto esta que vos escreve capturava imagens pitorescas para refletir o seu olhar. Ohhh! Foi também responsável por preencher o caminho da volta com todo o seu conhecimento e interesse pelas artes plásticas, cinematográficas e literárias.

Por fim, a lembrança dos amigos que não foram também é responsável pela garantia da nossa alegria e cumprimento da nossa meta. Companhias ausentes, presentes nas nossas lembranças. Se estivessem lá, teriam tornado o nosso passeio ainda mais agradável e as subidas menos íngremes.

Viram como comecei minha semana inspirada? Quero que a de vocês também seja assim.

EU AMO O RYL E OS AMIGOS DO RYL!!!!!!!!!!